Era estranho quando pensava em quantos anos da sua vida perdeu sem ter coragem de dizer NÃO.
Aquela festa chata que teve que ir pois não teve coragem de dizer um não a sua amiga. Aquelas reuniões familiares em que ela apenas sorria e concordava com tudo quando na verdade gostaria de agir completamente diferente. Até aquela comida ruim que não teve coragem de dispensar quando sua mãe lhe trouxe com carinho.
Ela não precisava ser grossa, só precisava ser sincera e dizer "Mãezinha, me perdoa, mas NÃO estou com vontade de comer isso." Mas cadê a coragem?
Tantas coisas que ela queria ter vivido mas simplesmente nem tentava por medo do julgamento dos outros.
Tentou entender o porquê de ter agido assim durante tanto tempo. Daí lembrou de quando sua mãe lhe ensinou que sempre deveria perdoar e assim ela vinha fazendo. Talvez por isso preferisse ser maltratada do que maltratar alguém, pois ela sabia os limites do seu perdão, mas não sabia os limites das outras pessoas. Só que isso não estava certo! Ela não precisava maltratar ninguém, mas nem por isso tinha que ser maltratada! E o amor próprio ficava aonde? Muito bem escondido como ela sempre fez questão de deixar? NÃO! Agora ela sabia dizer essa pequena palavra! E sabia o poder de libertação que ela podia lhe proporcionar.