O sol brilhava ardentemente. Era uma linda manhã de domingo e ela andava pelas areias da praia como se não tivesse rumo... como se nada de ruim pudesse lhe acontecer. Ela estava ali, vivendo aquele momento na sua forma mais intensa. Pensamentos não deixavam de rondar sua cabeça, isso era impossível mas parecia que a sua volta e em toda a sua vida só havia felicidade. Após vários minutos ela sentou à sombra de um coqueiro e ficou fazendo algo que sempre gostou... observando o que se passava no ambiente! Viu várias pessoas indo e vindo, umas andando, outras correndo, umas sozinhas, outras em grupos e ainda outras com animais de estimação. Algumas aparentemente felizes, outras nem tanto. Achou engraçado porque algumas pessoas pareciam que nem notavam onde realmente estavam. Olhando um pouco mais adiante viu um garotinho com um cachorrinho vira-lata ao lado. Ambos aparentemente empolgados, embora sujos. O garoto levava no rosto um sorriso contagiante, talvez o sorriso mais sincero que ela já havia visto na vida. O cachorrinho começou a correr e o seu companheiro foi logo atrás. Ela começou a lembrar da quantidade de homens (e até de algumas mulheres) que paravam para olhar sempre que uma mulher bonita passava desfilando em seus trages minúsculos. Por que ninguém parava para repatar no garotinho? Por que ninguém se importou com ele? Foi ao ter esse pensamento que toda aquela felicidade que tomava de conta de tudo desapareceu. Ela levantou e correu na mesma direção em que os dois haviam ido. Quem sabe ela não os encontraria mais na frente? Quem sabe ela não poderia dar-lhes um pouco de importância?
"Não elogie um homem por sua beleza, nem deteste uma pessoa por sua aparência. A abelha é pequena entre os seres que voam, mas o que ela produz é o que há de mais doce. Não fique envaidecido por causa das roupas que você usa, nem se torne soberbo nos dias gloriosos, porque as obras do Senhor são admiráveis mas permanecem ocultas ao homem." (Eclo 11,2-4)